Quarta-feira, 13 de Março de 2013
"- Não pára quieto, parece que tem bichos carpinteiros!"
Cada vez mais esta expressão faz sentido para muitos pais, educadores e cuidadores das nossas crianças. Através da imprensa e da televisão, as famílias e demais começam a tomar consciência de uma perturbação que sempre existiu. Crianças hiperactivas, esta é a designação, daquilo que em termos clínicos, se conhece como Perturbação da Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA).
A PHDA é a alteração do comportamento mais frequente entre crianças em idade escolar, afectando, aproximadamente 3% a 7% desta população, com maior incidência nos elementos do sexo masculino.
As causas desta perturbação são biológicas e estão geneticamente condicionadas.
Certos estudos, demonstraram que estas crianças sofrem de alterações no funcionamento de determinadas áreas cerebrais, dificultando-lhes a manutenção da atenção e consequentemente o processamento da informação. Estas alterações biológicas provocam ainda respostas impulsivas, não reflexivas e um nível de actividade motora exagerada "os chamados bichos carpinteiros". São caracterizadas como crianças faladoras, revoltadas e pouco disciplinadas. Todavia não são más e, muito menos culpadas dos seus problemas.
A PHDA é de natureza biológica e não educacional.Quando aparecem os primeiros sintomas? E quais são?
Os sintomas começa a aparecer normalmente durante os primeiros cinco anos de vida, e fazem-se sentir em todos os ambientes em que a criança se movimenta (ex.: creche, em casa, na rua etc.). Observam-se, falta de persistência na realização de actividades que envolvam processos de aprendizagem (ex.: não conseguem terminar um desenho), tendência a mudar sistematicamente de actividade, agitação desregulada e excessiva.
Dos 4 aos 6 anos
É irrequieto, impulsivo, demonstra falta de atenção e é desobediente. Distrai-se com facilidade, parece não ouvir quando falam com ele/a. A sua forma de brincar pode ser reveladora, se por um lado não sabe brincar sozinho, por outro, tem tendência para se isolar quando recebe um brinquedo novo, manipulando-o até o destruir, e colocando-o depois de parte. Não admite perder uma jogada e não é capaz de seguir as regras do jogo.
Dos 7 aos 11 anos
A criança/adolescente com PHDA destaca-se na dinâmica de sala de aula. Não é disciplinado e apresenta dificuldades de aprendizagem em relação aos outros colegas e dificuldades de integração social, provocando sentimentos de insegurança e frustração.
A partir dos 12 anos
A relação com os pais/cuidadores e professores piora. Torna-se rebelde, desafiador e o seu rendimento escolar diminui.
Normalmente, estas dificuldades persistem durante todo o período escolar, prolongando-se por vezes pela vida adulta, embora, na maioria dos casos, a PHDA atenua-se com o passar dos anos, caso seja diagnosticada precocemente.
A PHDA e a TERAPIA DA FALA
Crianças com PHDA frequentemente apresentam perturbações da linguagem e fala:
- Desenvolvimento tardio da linguagem (começam a falar mais tarde do que é esperado);
- Dificuldades na produção articulatória ("dizem mal as palavras", "são trapalhões a falar");
- Dificuldades de atenção auditiva;
- Dificuldades de memória;
- Dificuldades no processamento morfossintáctico (dificuldades na organização das palavras na frase, nas concordâncias nominais, verbais, de género e número);
- Dificuldades na pragmática (em manter o tópico da conversa, ambiguidade na transmissão de informação, produção verbal excessiva na produção espontânea - "falam muito");
- Dificuldades semânticas (dificuldades em compreender e recontar histórias);
- Dificuldades de leitura.
Como tratar? O que fazer?
Se suspeita que o seu filho/a tem PHDA consulte o seu pediatra ou médico de família, ou ainda um Psicólogo e Terapeuta da Fala, com certeza que terá um acompanhamento rápido e eficaz.