Archive for novembro 2013

AVC na Infância


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Terça-feira, 26 de Novembro de 2013


Fonte: www.sfgate.com
Em 2009, meia centena de bebés e crianças portuguesas foram vitimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral). O diagnóstico clínico de AVC pediátrico, por ser raro, torna-se num procedimento complexo, acabando por ser muitas vezes tardio.

O que é o AVC?
Segundo a Organização Mundial de Saúde, AVC "é uma síndrome clínica caracterizada pelo rápido desenvolver de sinais de perturbação focal ou global das funções cerebrais, que dura mais de 24h, ou que leva à morte."

Causas do AVC Infantil?
Os AVC´s são menos frequentes em crianças do que nos adultos, mas quando ocorrem, podem ter consequências no desenvolvimento global das crianças. 
Malformações congénitas (malformações arteriovenosas), doenças genéticas, metabólicas e infecciosas são algumas das causas que podem conduzir à ocorrência de AVC, no útero materno ou em idades precoces. 

A febre "baralha" o diagnóstico de AVC Infantil?
Em alguns casos, as crianças apresentam febre e convulsões, o que "baralha" o diagnóstico, pois estes sinais clínicos são frequentemente associados na infância, a infecções, epilepsia e enxaqueca. Por isso, torna-se complexo o diagnóstico de AVC na infância.


Consequências do AVC Infantil?
Como consequência do AVC podem-se verificar alterações motoras, cognitivas, de linguagem e comportamentais. 
Contudo, em comparação com o adulto, genericamente o prognóstico de recuperação de AVC durante a infância é melhor, devido sobretudo a uma maior plasticidade cerebral, que facilita a reabilitação.

Afasia Infantil?
A afasia infantil é uma perturbação da linguagem decorrente de uma lesão cerebral, sendo classificada de acordo com a idade em que ocorre.
Na afasia infantil pode ocorrer:
  • Perturbações de compreensão e expressão da linguagem;
  • Atraso nas primeiras capacidades de linguagem como o balbucio;
  • Alterações sintácticas, semântica e fonológicas;
  • Mutismo inicial (afecta a produção verbal, ausência de iniciativa para falar);
  • Dificuldades na produção articulatória.
A Terapia da Fala pode ajudar na reabilitação da Afasia Infantil, como consequência de AVC na infância.

Fonte: 
1. Artigo Jornal Expresso, 15 de Fevereiro de 2010.
2. Van Hout, A. (2003). Acquired aphasia in chilhood. Handbook of Neuropsychology, vol. 8, 631-658.
3. Vargha-Khaden, O., O´Gorman, AM. & Watters, GV. (1985). Aphasia and handedness in relation to hemiparesis with age at injury and severity of cerebral lesion during childhood 108, 677-696.

Brincar: Será uma acto terapêutico?


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Terça-feira, 19 de Novembro de 2013



Vamos brincar?
O acto de brincar além de favorecer o processo afectivo, cognitivo e imaginativo das crianças, é determinante no desenvolvimento da linguagem.
Brincar/jogar designam formas elementares de comunicação infantil, com as quais as crianças projectam o seu dia-a-dia e o impacto que este tem sobre elas. É por isso, comum vermos crianças a imitar uma família, um médico ou até um polícia.
É através da brincadeira que a criança consegue vencer os seus limites, passando a vivenciar experiências que vão além da sua idade e realidade. Deste modo, vão progressivamente construindo e desenvolvendo a consciência de tudo aquilo que a rodeia.
Em conclusão, brincar é uma actividade humana criadora, na qual a imaginação, a fantasia e a realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de acção, assim como, de novas formas de construir relações sociais como os seus pares.


Brincar, será um acto terapêutico?
A maior parte das actividades lúdicas propostas à criança em Terapia da Fala são realizadas na presença de jogos e brincadeiras, uma vez que são figurativas da sua realidade e imaginário. Brincar, é por isso, um acto terapêutico, utilizado como um meio específico de comunicação que reforça ou substitui o significado da língua falada e potencia a adesão da criança à terapêutica.

Quais as vantagens de brincar na Terapia?
Ao utilizar a brincadeira/jogo na prática terapêutica, pode-se observar as seguintes vantagens:

  • Um momento lúdico que proporciona prazer na actividade;
  • A oportunidade de viver uma situação de ganho ou perda, determinante em crianças com baixa tolerância à frustração;
  • A oportunidade da aquisição de regras sociais;
  • O aprimoramento das funções cognitivas e perceptivas como organização espacial e temporal, memória, percepção visual e auditiva, classificação e seriação;
  • A facilidade da criança servir-se de um vocabulário seleccionado. 
Fonte:
1. Nascimento, L. (2003). Brincando com os sons. Pró-Fono.

Terão os gémeos uma "linguagem secreta"?


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Quarta-feira, 06 de Novembro de 2013

"Linguagem secreta"
A expectativa de ter filhos gémeos pode ser incrivelmente emocionante. Contudo, pode ser tão esmagadora, com o dobro das responsabilidades para metade do tempo. 
A aquisição e o desenvolvimento da linguagem em crianças gémeas pode apresentar-se um autêntico desafio para os pais. 

Aquisição e desenvolvimento da linguagem em crianças gémeas 
As crianças gémeas podem apresentar uma aquisição e desenvolvimento da linguagem "normais", porém muitas dessas crianças também podem demonstrar atrasos da aquisição/desenvolvimento da linguagem ou perturbações especificas de linguagem.
Factos que podem dever-se a interferências biológicas (prematuridade, baixo peso etc.) ou a aspectos interaccionais como:
  • Reduzidas oportunidades de interacção com a mãe (atenção partilhada);
  • Presença de competição durante o processo de comunicação;
  • Dificuldade no estabelecimento de uma identidade própria;
  • Tempo de estimulação menor.

Terão os gémeos uma "linguagem secreta"?
A "linguagem secreta" ou criptofasia ou idioglossia pode ser identificada em crianças gémeas. Esta define-se numa forma de comunicação própria, que se manifesta através de códigos verbais ou não verbais.
São identificados dois tipos de subtipos de "linguagem secreta":
  1. A de compreensão partilhada, dirigida aos outros (pais, avós etc.), mas inteligível, apesar de aparentemente ser compreendida pelo outro gémeo;
  2. A "linguagem secreta" dirigida exclusivamente ao outro gémeo, inteligível aos outros (pais, avós etc.), mas claramente compreendida e usada somente pelos gémeos.
Veja este video, que ilustra a presença de "linguagem secreta" entre dois bebés gémeos.


Este fenómeno, está aparentemente associado ao desenvolvimento ocorrido durante o segundo ano de vida das crianças gémeas, juntamente relacionado com o aparecimento de uma fala imatura, mas que tende a desaparecer nos 16 meses seguintes.

Os meus filhos gémeos precisam de Terapia da Fala?
Os seus filhos gémeos precisarão de uma avaliação em Terapia da Fala se apresentarem uma destas características:

  • Presença de "linguagem secreta" após 3 anos de idade;
  • Atraso na aquisição da linguagem (não produzirem as primeiras palavras após os 2 anos e meio de idade);
  • Um dos gémeos ser o porta-voz do outro gémeo (pode significar um atraso da aquisição/desenvolvimento da linguagem do gémeo que não é porta-voz).

A intervenção precoce em Terapia da Fala poderá ser a solução para a reabilitação dos sinais acima descritos, bem como poderá ajudar a lidar com as exigências de aquisição e desenvolvimento da linguagem em crianças gémeas.


Fontes:
1. Bishop, D. & Bishop, S. (1998). "Twin language": a risk factor for language impairmente?Journal of Speech and Hearing Research  41 , 150-160.
2. Lewis, B. & Thompson, L. (1992). A study of developmental speech and language disorders in twins. Journal of Speech and Hearing Research 35, 1086-1094.
3. Thorpe, K., Greenwood, R., Eivers, A. & Rutter, M. (2001). Prevalence and developmental course of "secret language". Int. Language Commun Disorder 36, 43-62.

Daniela Gonçalves. Com tecnologia do Blogger.